Novo estudo traz informações importantíssimas para o brasileiro e mostra o quanto ele trabalha para pagar impostos. Segundo os dados, em média uma pessoa vai precisar trabalhar 149 dias em 2024 apenas para pagar seus tributos.
Os dados foram divulgados pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação) e representam uma realidade assustadora.
Trabalhando mais de 40% do ano apenas para pagar seus impostos, taxas e contribuições para o governo, se fosse possível cobrar tudo de uma vez só, as pessoas iriam trabalhar do começo de janeiro até o dia 29 de maio, só para cumprir com essas obrigações.
Porém, esses dados são mais complicados do que parecem. Isso porque essa média é, na verdade, resultado de uma outra média, que varia conforme a renda de cada pessoa.
Afinal, os impostos afetam os cidadãos de maneiras diferentes, dependendo de quanto eles ganham. E para a surpresa de muitos, os mais afetados não são os que recebem menos.
O trabalhador de classe média é quem paga mais impostos
O IBPT realizou a pesquisa dividindo a população em faixas de rendas distintas. A primeira delas foi a das pessoas que recebem até R$3 mil por mês, a segunda de quem recebe entre R$3 mil e 10 mil e a terceira de quem recebe acima de R$10 mil.
No final, os dados mostraram que as pessoas que recebem entre R$3 mil e 10 mil, que muitos consideram como classe média, precisam trabalhar 155 dias no ano só para pagar impostos, com uma carga tributária de 42,47%.
Depois deles, as pessoas que ganham acima de R$10 mil e até R$3 mil precisam trabalhar, respectivamente, 148 dias e 141 dias para cobrir suas cargas tributárias de 40,55% e 38,63%.
Refazendo a simulação anterior, isso seria o equivalente a dizer que enquanto a classe média teria que trabalhar até o dia 3 de junho para quitar todos os tributos, a classe mais alta e a classe baixa trabalhariam até os dias 27 e 20 de maio.
Segundo especialistas, isso é um resultado do modelo de tributação progressiva que o Brasil adota, mas que tem um limite de 27,5% para quem recebe acima de R$4.664,68.
Ou seja, pessoas que recebem acima de R$10 mil e consequentemente têm mais poder de compra pagam a mesma porcentagem de imposto de quem recebe, por exemplo, R$5 mil. Mas como esse é o teto, o mesmo vale para alguém que recebe R$20 mil ou R$50 mil.
Além disso, quanto menos a pessoa recebe abaixo dos R$5 mil, menor é a porcentagem do imposto de renda, inclusive zerando para quem recebe até R$2.259,20.
Como é o cálculo?
O estudo mostrou que o brasileiro trabalha para pagar em média 40,71% de imposto sobre consumo, patrimônio e renda.
No cálculo, o Imposto de Renda (IR) vale 15,02% e a pessoa paga 3,02% de impostos sobre o patrimônio (carro, casa, etc.).
Porém, a maior parte vem dos impostos de consumo, 22,67%, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que recentemente teve um aumento.
Entre esses, os impostos sobre consumo são os que mais afetam a classe média, principalmente em relação às pessoas que ganham acima dos R$10 mil. Afinal, o ICMS é o mesmo para todos e pesa bem menos no bolso de quem tem mais poder aquisitivo.
Dedicar 149 dias de trabalho para pagar tributos significa um aumento de 2 dias em relação ao ano de 2023, deixando o Brasil mais uma vez no mesmo patamar dos anos 2021 e 2022, durante a pandemia.
Obviamente, isso é resultado das recentes políticas administrativas voltadas para a arrecadação de mais impostos, incluindo o aumento do ICMS e criação de taxas em produtos e serviços específicos. Além disso, não estão inclusos nos cálculos taxas variáveis, como a coleta de lixo e tributações de serviços públicos.
